Tratamento com antibioticoterapia para apendicite. Uma alternativa viável?
O apêndice é uma pequena bolsa, em forma de tubo e com cerca de 10 cm, que está ligada à primeira parte do intestino grosso, próximo do local onde o intestino delgado e grosso se ligam. Dessa forma, a sua posição geralmente é sob a região inferior direita da barriga.
Embora não seja considerado um órgão essencial para o corpo, quando está inflamado pode colocar a vida em risco, devido à elevada chance de estourar e liberar bactérias pelo abdômen, resultando numa infecção generalizada. Assim, é importante estar atento aos primeiros sinais de inflamação, também conhecida como apendicite, como dor muito intensa na região inferior direita da barriga, vômitos e falta de apetite.
Há muito vem se falando que o apêndice é um órgão que só serve para dar problemas, e não é incomum a retirada do apêndice durante cirurgias para a retirada do útero ou qualquer circunstancia onde se faz necessário abrir a barriga por causas diversas; (laparotimia).
Retira-se o apêndice mesmo estando normal!
Porém pesquisas atuais mostram que o apêndice é um órgão extremamente im
portante para a manutenção da flora intestinal saudável, funcionando como um berçário pa
ra a flora intestinal nativa, esta extremamente importante para saúde do sistema imunológico, para a manuten ção de um peso saudável e para evitar doenças crônicas relacionadas com a resistência à insulina como o Alzheimer e o diabetes.
Ai fica a pergunta:
Qual é a taxa de recorrência a longo prazo em pacientes com apendicite não complicada tratados com antibióticos?
Será que o tratamento com antibióticos pode ser uma opção na pratica clinica?
O ensaio clínico randomizado multicêntrico Appendicitis Acuta (APPAC) determinou a taxa de recorrência tardia de apendicite após antibioticoterapia para o tratamento da apendicite aguda não complicada.
https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2320315
Neste seguimento observacional de 5 anos, dos 257 pacientes inicialmente tratados com antibióticos para apendicite2 aguda não complicada, a incidência3 cumulativa de apendicite2 recorrente em 1, 2, 3, 4 e 5 anos foi de 27,3% em 1 ano; 34,0% em 2; 35,2% em 3; 37,1% em 4 e 39,1% em 5 anos. Os dados sugerem que o tratamento inicial com antibióticos, em vez de cirurgia, pode ser uma alternativa viável.
Houve um acompanhamento observacional por cinco anos de 530 pacientes, com idades entre 18 e 60 anos, com apendicite2 aguda não complicada confirmada por tomografia computadorizada. Eles foram escolhidos aleatoriamente para se submeter a uma cirurgia de retirada do apendicea (n=273) ou receber antibioticoterapia (n=257). O teste inicial foi realizado de novembro de 2009 a junho de 2012 na Finlândia; o último acompanhamento foi em 6 de setembro de 2017. Esta análise atual focou-se na avaliação dos resultados de 5 anos para o grupo de pacientes tratados apenas com antibióticos.
As intervenções avaliadas foram a apendicectomia aberta vs antibioticoterapia com Ertapenem intravenoso por 3 dias, seguido por 7 dias de levofloxacina oral e metronidazol. Os desfechos secundários pré-especificados relatados em 5 anos de seguimento incluíram recorrência1 tardia da apendicite2 (após 1 ano) após tratamento com antibiótico, complicações, tempo de internação e licença por doença.
Dos 530 pacientes (201 mulheres; 329 homens) inscritos no estudo, 273 pacientes (mediana de idade de 35 anos [IQR, 27-46]) foram randomizados para serem submetidos à apendicectomia e 257 (idade média de 33 anos [IQR, 26-47]) foram randomizados para receber antibioticoterapia.
Além de 70 pacientes que inicialmente receberam antibióticos, mas foram submetidos à apendicectomia no primeiro ano (27,3% [IC 95%, 22,0%-33,2%]; 70/256), 30 pacientes tratados com antibióticos adicionais (16,1% [IC 95% ,11,2% -22,2%], 30/186) foram submetidos à apendicectomia entre 1 e 5 anos.
Dos 85 pacientes no grupo de antibióticos que subsequentemente foram submetidos à apendicectomia por apendicite2 recorrente, 76 tiveram apendicite2 não complicada, 2 tiveram apendicite2 complicada e 7 não tiveram apendicite2. Aos 5 anos, a taxa de complicação geral (infecções6 do sítio cirúrgico, hérnias7 incisionais, dor abdominal e sintomas8 obstrutivos) foi de 24,4% (IC 95%, 19,2% -30,3%) (n=60/246) no grupo apendicectomia e 6,5% (IC 95%, 3,8%-10,4%) (n=16/246) no grupo de antibióticos (P<0,001), que representa 17,9 pontos percentuais (IC 95%, 11,7-24,1) a menos do que após a cirurgia. Não houve diferença entre os grupos quanto ao tempo de internação, mas houve uma diferença significativa nas licenças médicas (11 dias a mais para o grupo que fez apendicectomia).
Concluiu-se que entre os pacientes que foram inicialmente tratados com antibióticos, a probabilidade de recorrência tardia dentro de 5 anos foi de 39,1%. Houve uma taxa de complicações significativamente menor e o tempo de afastamento do trabalho foi 11 dias menor. Este acompanhamento a longo prazo APOIA a viabilidade do tratamento apenas com antibióticos como uma alternativa à cirurgia para apendicite aguda não complicada.
A palavra final sobre o melhor tratamento pra você será sempre do seu médico!
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