Há quase seis décadas no mercado, a metformina é, provavelmente, o antidiabético oral (ADO) mais prescrito em todo o mundo. O que pouca gente sabe é que ela é derivada de uma planta, que tem ação anticancerígena, reduz os níveis de insulina no corpo, aumenta a taxa de gravidez em mulheres com ovário policístico e parece exercer um papel na longevidade, isso mesmo. De acordo com um estudo, pacientes diabéticos que usam metformina vivem mais que os que não usam e vivem inclusive mais do que os que não tem diabetes. Ela está sendo testada por via nasal no tratamento de doenças crônicas como o Alzheimer.
A metformina tem a sua origem numa planta chamada galega officinalis ou arruda caprária, oriunda do Médio Oriente mas com distribuição predominantemente no Sul da Europa, incluindo em Portugal. Serve de pasto ao gado caprino e o seu nome científico deve-se às suas propriedades de aumentar a produção de leite nestes animais.
No que concerne às propriedades antidiabéticas da arruda caprária, estas foram conhecidas desde a Idade Média, tendo sido descritas por Nicholas Culpeper no seu trabalho: Tratado sobre o ouro potável, datado de 1656. Nele se descreve não só o efeito hipoglicemiante da galega officinallis, mas também a sua capacidade para reduzir a diurese na diabetes. Embora se soubesse que o tratamento com extractos da planta tinha esse efeito, desconhecia-se até então qual o composto responsável por essa ação.
A metformina foi sintetizada pela primeira vez em 1920 e, apesar de comprovada a sua capacidade hipoglicemiante, ficou esquecida nas duas décadas seguintes, já que a investigação na área terapêutica da diabetes se centrou na insulina. Em 1950, Jean Sterne seleccionou a dimetilbiguanida (metformina) para testar clinicamente, propondo o nome de glucophage (comedor de glucose). Os resultados desta investigação foram publicados em 1957.
Até hoje é uma droga promissora em várias áreas, e apesar do tempo longo de uso, novas indicações vem surgindo até os dias atuais.
O uso de doses excessivas podem trazer problemas, sobretudo problemas gastrointestinais. Pacientes com insuficiência renal devem usar a metformina com muita cautela, e estudos com doses extremamente elevadas em ratos, trouxeram efeitos opostos, inclusive com aumento do risco de câncer.
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